quinta-feira, 21 de maio de 2009

O DESPERTAR DE UM NOVO OLHAR

Entre grupos de professores, muitas vezes surge o assunto sobre discriminação racial. È comum ver que alguns defendem que o racismo não existe mais, que já está superado. Que as crianças negras e brancas se relacionam bem, sem considerar a cor. Mas com o trabalho do Mosaico pude perceber que para as crianças negras não é tão fácil quanto parece. As crianças afro descendentes apresentam dificuldade em se olhar e admitir sua descendência. Isto ficou evidente quando fomos tirar as fotos para a construção do mosaico. Eles apresentavam resistência em tirar foto, dando as mais variadas desculpas.

No link abaixo é possível conferir comentários sobre o trabalho:

Mosaico

Com o meu envolvimento nas leituras dos textos e as questões estudadas e debatidas nas interdisciplinas de “Questões Étnico Raciais” e “Psicologia”, passei a ter um outro olhar sobre estas questões. Passei a observar melhor as atitudes e reações apresentadas pelos alunos afro descendentes frente as mais diversas situações do cotidiano da escola. Pude perceber nas minhas turmas de quarta série, que o grau de dificuldade na aprendizagem e entendimento é maior nos alunos afro descendentes, além de outros aspectos, como os problemas de convivência e o baixo nível sócio econômico das famílias. Considerando os estágios de desenvolvimento intelectual, segundo Piaget, fiz uma profunda reflexão em forma de questionamentos: Como pode uma criança ter um desenvolvimento progressivo e contínuo se a sua auto-estima é baixa? Se os seus sentimentos morais e sociais estão desequilibrados? Se ainda não construiu sua identidade? Se pertence a um grupo étnico racial que sempre foi excluído? Se pertence a uma escola que reforça essa exclusão, tratando do assunto do seu povo somente como escravo? Porque tem que estudar e aprender sobre a história de tantos povos? E a história do seu povo, quando vai poder estudar, poder falar e ver valorizada? Percebo que já despertei para um novo olhar, mas quanto escola temos muitos aspectos ainda a descobrir, questionar e contemplar em nossos currículos para chegarmos a uma Democracia Racial.